quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Gerhard Richter. Tulips. Tulpen. 1995. Oil on canvas. 36cm x 41cm.

Ao ver as flores de Gerhard. Sem mais possiveis caminhos. Dogmático.

Se volta a si mesmo.
Revolta em si.
Olha, com olhar perdido, confuso, profano e profundo tudo isso ao seu redor. Tudo isso o assusta, o aflige, o toma, deixando-o desnorteado.
Ele não chora. E nem sabe o por que de não mais chorar. Acha que não chora mais por conta de seu perder-se em âmago e casca. Já não mais sabe pra que ou pra onde as lágrimas escorrem. Então, não chora.
Custò seu viu e, se vê assim. Confuso, talvez como o que já tivesse pensado de si um dia - há muito espaço para pensamento dentro de mim, isso me confunde mais e mais - Ele já não sabe de nada.
Ouviu de Celestinne, mulher de Gerhard, grande mulher -só grande, não gorda, mas tinha cabelos maltratados - que devemos viver a vida como em fatos isolados.
Milord já pensava sobre uma certa auto-suficiencia, inclusive no sexo, já que dele não era mais nascente e tampouco sequioso.
Seguiu o pensamento de auto-suficiencia na frustrante tentativa de se livrar por completo de seu amante. Ainda era apegado e, pior que isso, ainda o amava.
Ele só queria deixar de pensar nisso e, acreditava que auto-suficiente, conseguiria não esperar nada, de ninguém, por que agora teria a si pra sempre como seu mundo externo em seu corpo intrínseco e tendo a si pelo avesso também.
Teoria é sempre mágico - pensou - prática é sempre um triste fim... pelo menos para mim - externou sem medo, já que sabia o caminho torto em que andava.
-Fale o que disse Celestinne, Milord! -exclamando seu autor sem paciência.
Celestinne era uma verdadeira grand vivant. Disse a ele:
-Viva! Viva vendo a vida como fatos isolados, assim você não espera nada, o que acontecer, acontecido está! Viva Milord, apenas viva, sem esses seus pensamentos complexos, viva sem aguar-se.
Milord sentou-se, e lógicamente foi pensar mais pensamentos complexos, mas agora na tentativa de ser mais simples. Quase que simplório concluiu num triste concluir já esperado por nós.
-O problema está em mim... o problema sou eu.
Parou, sem mais pensar, olhos as tulipas de Gerhard e respirou.
A única coisa que ele queria era o tragar do cigarro. Mas acabou.