terça-feira, 30 de março de 2010

O amor escondido ou O único a ser magro. parte I.

Milord tinha muito a dizer. E sempre terá. Mas por levar duas vidas tão paralelas, uma completamente conservadora e a outra nem sabe o que é isso, não conseguiu levar tudo até sua mais importante recordação material/fotográfica. O Albúm.

Agora ele tem um novo amor.




Ele se sente só, completamente só quando distante de sua esposa obesa, se sente distante mas não distinto.
Espera que algo de novo aconteça, pois Aphonso é o grande Aphonso, mas para Milord que é tão sequioso do novo, Aphonso é como o prato em que se come todo dia, não há muita novidade a ser revelada.
Seu narrador parece torturá-lo não entregando a ele esse personagem que em sua vida será de imensa importância.
Agora, triste ele chora mais um verão. Chega o tempo impetuoso, já não suporta mais um esperar tão demorado que quase o mata. O tempo agora é mais ameno. Ele acorda e se arruma para ir ao atêlie onde expõe suas obras da moda que ninguém dá valor, faz isso esporadicamente. Lá então, ele encontra Lyodòn, esse por sua vez, será sua vida e seu fado.
-O narrador impaciente vai logo encurtando a história dizendo:
- Milord agora vê nesse homem, não um outro Aphonso, mas o irmão que ele nunca teve. Ele chora calado.
Se apresentam, e já marcam um encontro na casa de Milord. Lá eles bebem pois sempre há bebida, não fumam no plural pois Lyodòn não fuma, mas sim, bebem e muito.
E agora, sem Aphonso por perto, não há mesmo pudor algum. Tempos depois, já estão os dois, fotografando na escada de incêndio 62/72.
Eis aqui, o registro.
Milord se apresenta junto a Lyodòn em Escada de incêndio 62/72.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Sem Pudores ou Nu em Casa ou Apenas Nu.

E lá está Milord. Vivo. Dessa vez não mais como um bicho que se enclausurou por opção em sua casca. É chegada a hora de se expor. Milord não tem escolha, uma vez que Aphonso lhe pede com carinho, não há como negar. Milord se liberta de suas bolhas e se pergunta:
-Aonde isso vai dar Aphonso?
Aphonso termina o tragar seco em seu cigarro, solta-o ao chão, pisa, volta seu olhar para seu homem e diz sem muito dizer:
- Há um caminho certo?
Novamente o silêncio que tem estado em voga acaba por imperar.
O narrador vai logo concluindo.
Aphonso liga a victrola, arruma a agulha fazendo aquele barulho estrondoso - ele não tem muito jeito ao lidar com agulhas de victrola - coloca Piaf ao fundo de mais uma tarde regada a cigarros, cafés e absinthe, as quatro certezas de Milord - Obviamente Piaf era sua primeira.
Hoje, eles escutam La Foule, essa música o fazia pensar que ele nasceu para dançar. Milord dança então e logo começam as fotos junto a Aphonso - Que talvez nunca apareça em nenhuma.

História de uma nudez sem pudores ou Mulher nua verdade incrua.

Há uma mulher nua em seu fundo branco, que é na verdade o fenômeno de sua alma, sua matéria-imaterial. Essência. Agora ela se pergunta:
-Por que tantas dores, rumores? pra que tantos tumores?
O que há como resposta é:
-O vago em voga... todo esse silêncio é seu pra você, todo o estardalhaço é seu pra você. Encontre-se. -disse seu narrador, cansado de tanto confabular seu destino paralelo- Volte-se a você agora.
Há quem pense que ela se encontrou, há quem pense que ela se matou, há quem pense que ela nem existe. Há quem não pense, e por isso entende suas notas graves num fim de um não alegro na vida da mulher que habita uma história de uma nudez sem pudores.