segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

.gotas de sal.

é tempo d'água.
tempo de olhar pra parede, que logo ali atrás teve um passar de olhos cretino, e que agora, paro pra assistir recordações.
é tempo.
tempo de deixar essa flor cair em caldas, escoar, escorrer. de costas pra todos vai ele enxugando o plano onde ela se esvai.
é tempo de choque na pele.
arrepio no dente.
sopro saudoso n'alma.
em tempos d'água, se clama por chuva, que vai disfarçando meu escoar nostálgico.
na despedida, no corpo trêmulo, cabem sorrisos fisgados, intermédio do carinho nosso.
se fez gelo - me perdoe - mas era pura água.
em tempos d'água, só existe evaporar nosso . que condensa, chove, molha, e logo se junta.
é tempo de lágrima.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Gerhard Richter. Tulips. Tulpen. 1995. Oil on canvas. 36cm x 41cm.

Ao ver as flores de Gerhard. Sem mais possiveis caminhos. Dogmático.

Se volta a si mesmo.
Revolta em si.
Olha, com olhar perdido, confuso, profano e profundo tudo isso ao seu redor. Tudo isso o assusta, o aflige, o toma, deixando-o desnorteado.
Ele não chora. E nem sabe o por que de não mais chorar. Acha que não chora mais por conta de seu perder-se em âmago e casca. Já não mais sabe pra que ou pra onde as lágrimas escorrem. Então, não chora.
Custò seu viu e, se vê assim. Confuso, talvez como o que já tivesse pensado de si um dia - há muito espaço para pensamento dentro de mim, isso me confunde mais e mais - Ele já não sabe de nada.
Ouviu de Celestinne, mulher de Gerhard, grande mulher -só grande, não gorda, mas tinha cabelos maltratados - que devemos viver a vida como em fatos isolados.
Milord já pensava sobre uma certa auto-suficiencia, inclusive no sexo, já que dele não era mais nascente e tampouco sequioso.
Seguiu o pensamento de auto-suficiencia na frustrante tentativa de se livrar por completo de seu amante. Ainda era apegado e, pior que isso, ainda o amava.
Ele só queria deixar de pensar nisso e, acreditava que auto-suficiente, conseguiria não esperar nada, de ninguém, por que agora teria a si pra sempre como seu mundo externo em seu corpo intrínseco e tendo a si pelo avesso também.
Teoria é sempre mágico - pensou - prática é sempre um triste fim... pelo menos para mim - externou sem medo, já que sabia o caminho torto em que andava.
-Fale o que disse Celestinne, Milord! -exclamando seu autor sem paciência.
Celestinne era uma verdadeira grand vivant. Disse a ele:
-Viva! Viva vendo a vida como fatos isolados, assim você não espera nada, o que acontecer, acontecido está! Viva Milord, apenas viva, sem esses seus pensamentos complexos, viva sem aguar-se.
Milord sentou-se, e lógicamente foi pensar mais pensamentos complexos, mas agora na tentativa de ser mais simples. Quase que simplório concluiu num triste concluir já esperado por nós.
-O problema está em mim... o problema sou eu.
Parou, sem mais pensar, olhos as tulipas de Gerhard e respirou.
A única coisa que ele queria era o tragar do cigarro. Mas acabou.

domingo, 22 de agosto de 2010

A justificativa.

Milord continua.
Continua vendo na nudez não só carne, pele, pêlos, cor e corpo.
Há alma.
Alma esta, ainda muito enclausurada.
Sofre.
Vê a transparência frágil de tudo o que está envolto a ti.
E vê, que tudo é muito vazio.
Apesar do prometido.
Ele quer tocar nesse vestido sem sentir a fragilidade.
Ele quer verdade, pois as mentiras sinceras não o interessam mais.
Ele quer, sem querer demais, nada da grande confusão, nada de conturbado e nada de prometido sem ser feito.
Milord quer caminhar sem defeitos.
Ele sonha, mas só sonha, e só sonha... Coitado Milord.




Desabafo tardio ou Colapso na madrugada morta. Parte I.

Quero ter o que me foi oferecido.
Quero ter, o que me é de direito. E assim, sigo eu esperando, e me enganando na falsa esperança de tê-lo.
Luta.
Luta em vão? Luta de que? Luta pra quem? Apenas luta. Vaga, e em voga. Vaga, e bunda. Imunda de falsas esperanças do que me foi oferecido, do que eu queria e, que me era de direito. Do que eu sei que é apenas mais uma luta vaga ofertada pela fecunda na tentativa de me manter esperançoso.
E numa tentativa dramática de encerrar tanto "doer" seu narrador diz:
-Agora, ele se mata.