sexta-feira, 4 de junho de 2010

Quem somos ou Ela Somos nós ou Corja pútrida e pomposa.
















Milord pensou... pensou... pensou.
A confusão tomou conta de todo seu ser.
Ele tinha agora um concreto pesado em mãos.
Dar de ombros não tinha como.
Continuou a pensar.
Preso a toda essa verdade que lhe tragava, Milord bebeu de todo seu íntimo.
Bebeu, bebeu e bebeu.
Bêbado de si, desenclausurou-se dos ferros que lhe prendiam.
Se reconheceu. Notou que tudo o que tocava passava por uma teoria que não dava certo.
Assim é o homem.
Seguimos enquanto corja pútrida e ainda assim pomposa.
Projetou isso em uma noiva.
Milord disse então:
-Ela vem.
Vem, e agora traz toda sua verdade refletindo não em seus olhos, mas no vidro que há em sua máscara de oxigênio.
Ela é tão podre de alma que mal suporta seu cheiro - em matéria- Ela tem.
Tem carne. Tem.
Tem suas inverdades. Tem.
Ela trabalha seus conceitos em cima de matéria i-material.
Não vejo segurança no que ela é.
Chego a ter nojo dela.
Ela, que é nossa somatória de verdades poéticas que não deu certo.
Ela, somos nós.
Veste agora sua transparência mais frágil, seu vidro, que é tudo aquilo o que ela tocou.
É o natural que virou banal, um verdadeiro bacanal.
É o sustentável, que se torna inapresentável.
Tudo o que ela fez pode estar isso ou aquilo, mas está doente.
Sua fragilidade segue o fluxo da multidão que se reconhece como corja pútrida e pomposa que somos.
E agora ela segue.
E segue, e segue, e segue, e segue, e segue, se empurrando em sua cadeira de rodas ao som da multidão.
Milord se cala.
O que habita seu âmago é dor por se reconhecer como podre que é.
Engole um choro. Volta seu olhar para uma atmosfera menos densa.
O que ele quer e ser como os outros. Superficiais.
Não consegue, mas finge bem.
Agora com um sorriso, apenas segue ao som de la foule.